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Hiperativo ou Irrequieto?

  • besmartwithusloures
  • 19 de jan. de 2016
  • 3 min de leitura

A Irrequietude Motora designa uma actividade marcada, com uma quantidade excessiva de movimentos, sem ter uma implicação de patologia;

A Hiperactividade, aplica-se a diversos tipos de comportamento mal organizado, onde domina uma combinação de irrequietude e desatenção, inadequada para a idade, com grande intensidade e gravidade dos sintomas. Na Hiperactividade a criança dificilmente conseguirá ter ( mesmo que pequenos) momentos de atenção e concentração, não pára para brincar ou outras actividades, tem problemas graves no sono, e muita dificuldade em parar.

A Criança Irrequieta embora com grande actividade consegue alguns momentos de tranquilidade, consegue descansar, consegue parar quando as actividades lhe interessam.


Como defende João dos Santos, a irrequietude seria uma forma de reacção contra a ansiedade, e surge, muitas vezes de um fundo de depressão.

A criança, incapaz de pensar o sofrimento, utiliza o comportamento como forma de descarga. Age em vez de pensar.

O sintoma psicomotor inicial seria o sinal de uma tentativa de adaptação ao que exigem dela, um pedido de atenção ao seu sofrimento.

A instabilidade tem sempre a ver com uma espécie de fuga para a frente. Há qualquer coisa que leva a criança a não poder estar quieta, calada, silenciosa, a evitar pensar nos fantasmas mais ligados à realidade anterior.

A instabilidade seria, de algum modo, a procura da “estabilidade” de uma idade anterior, “ e, portanto, uma tentativa de “cura” da ansiedade a que conduz a insegurança”(João dos Santos, 2002)

São as marcas desse vivido precoce que perseguem a criança no seu interior, não lhe permitindo qualquer descanso (segurança).

Convém como tal e numa primeira intervenção fazer um diagnóstico correcto se Hiperactivo ou Irrequieto.


A terapêutica essencial a instituir nas crianças irrequietas e/ou Hiperactivas deverá consistir numa perspectiva sistémica, ou seja, em todas os sistemas em que a criança se encontra inserida (na criança, na família, e na escola).


A intervenção deve incidir sobretudo na família e escola, que deverão garantir à criança estabilidade e segurança.

Com a família, importa sobretudo modular a relação pais-filhos, tornando-a menos inquieta, ajudando os pais a acalmarem-se e a lidar de forma mais tranquila, que naturalmente os deixa bastante exaustos, ajudando-os na construção de uma relação mais organizadora e afectivamente mais rica e contentora.

A escola deverá ajudar a criança a pensar melhor, criando situações de aprendizagem serenas e interessantes.


O tratamento/ acompanhamento destas crianças deve ser regular, contínuo e a longo prazo.

Medicar ou não medicar as crianças com Hiperactividade Infantil????

De acordo com Pedro Strecht assistimos, hoje em dia, a um aumento de crianças desnecessariamente medicadas.

Mais medicadas, não, necessariamente, melhor tratadas, porque ficará por perceber é que a hiperactividade e défice de atenção são meros sinais e sintomas.

Corre-se o risco de tratar sintomas ou doenças e esquecer crianças ou doentes.

A principal tarefa perante uma criança hiperactiva é sempre compreender a origem, o porquê, os significados latentes, desses mesmos sintomas.

Medicar sem compreender é como pôr a chupeta a um bebé sem perceber porque chora.

Não é melhor ver porque chora? Se é fome ou cólicas intestinais?

Voltando à nossa questão: A prescrição da medicação deve ser bastante moderada, devido aos riscos que lhes estão associados.


Taylor ( 1986, cit. por Salgueiro, 2002) num estudo que realizou, com crianças hiperactivas observou que os psicofármacos podem ter efeitos secundários importantes em certas crianças, tais como:

  • Atraso no crescimento e perda de apetite (mais frequentes)

  • Crises convulsivas, taquicardia, hipertensão, agravamento de tiques, estados disfóricos (menos frequentes).

Desta forma, a medicação pode ser prescrita de forma bem moderada, supervisionada regularmente, nas seguintes condições:

  • Quando a criança corre risco de exclusão escolar ou familiar em virtude do seu comportamento.

  • Quando existe um desafio cognitivo imediato, com risco de retenção para a criança, ou quando esta não consegue aprender devido à falta de atenção.

Porém, sempre, e em simultâneo, a criança deve seguir um tratamento psicoterapêutico. “Por detrás do que se vê, existe qualquer coisa de mais profundo, menos fácil, um lado lunar, mas infinitamente mais bonito e poético do que a própria vida afinal. Esquecê-lo é ignorar. Descobri-lo é dar. Como quem entende os silêncios do que não


é dito. Como quem sabe o que se estrutura para além de uma fachada. Fala através de ti, com o pedaço de criança que ainda tiveres vivo, e verás o que elas te dizem. Também aí as crianças só falam do que estivermos preparados para ouvir. Talvez por isto se vejam cada vez mais crianças a quem é colocado o rótulo de hiperactividade com défice de atenção." (Strech, 2005)


Dra. Sara Lóios, Psicóloga de Crianças, Adolescentes e Famílias


 
 
 

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